Sabemos bem o quanto Jorge de Sena dedicou seu tempo e seu esforço para escrever sobre Camões, praticando os mais variados gêneros textuais, da poesia à tese acadêmica. Seus ensaios, que chegam à casa das milhares de páginas, foram decisivos para o progresso dos estudos camonianos, de modo que a sua importância só cresce com o tempo.
Em meio às comemorações do quinto centenário do poeta d’Os Lusíadas, a editora Guerra e Paz, que desde 2023 vem editando parte significativa da prosa seniana, tanto a ficcional quanto a ensaística, publicou o livro O pensamento de Camões, de Jorge de Sena, em que se reúnem os ensaios “Camões, o maior poeta em português”, “Camões, a aristocracia de espírito: ninguém é nobre só porque os avós o foram”, “Aspectos do pensamento através da estrutura linguística d’Os Lusíadas” e “Camões, o poeta lírico”. Agora em maio a editora acaba de lançar o Os Lusíadas e a visão herética, em que reedita a epopeia camoniana acompanhada de mais dois textos de Sena, “Sobre os dez cantos de Os Lusíadas (1972)” e “Camões: novas observações acerca da sua epopeia e do seu pensamento”, respectivamente. Ainda está previsto para este ano o lançamento de mais uma edição comemorativa, Babel e Sião, em que se editam a redondilha “Sobre os rios que vão”, o salmo 136, que a inspirou, o ensaio “Babel e Sião”, que Jorge de Sena escreveu para analisar a releitura camoniana do salmo bíblico, e, por fim, o conto seniano “Super flumina babylonis“, que imagina os instantes decisivos que levaram Camões à redação do célebre poema.
Tais reedições são sem dúvida fundamentais para dar a conhecer a públicos contemporâneos e mais amplos o trabalho de Sena sobre o “maior escritor de língua portuguesa e um dos maiores do mundo”. A seguir, reproduzimos a apresentação de O pensamento de Camões, que também serve como abertura deste muito bem-vindo projeto, disponível no site da editora:
Com a publicação deste livro, a que se seguirão outros dois livros de Jorge de Sena já no prelo, se comemora agora, em 2024, o 5.º Centenário do Nascimento de Camões, nascimento em dia incerto, entre 1524 e 1525. Estes ressuscitados textos de Jorge de Sena ressuscitam, por sua vez, uma imagem de Camões muito distante e até contrária ao Camões oficial dos políticos. O Camões que irrompe deste livro é, agora, neste século xxi que Sena já não viveu, e porventura ainda mais do que quando Sena assim o interpretou, um Camões de e do futuro, acima da pequenez de orgulhos nacionalistas e piedade cristã, um Camões que nos fala «como só grandes poetas falam, acerca de angústias, esperanças e desesperos muito parecidos com os de hoje».
Guerra e Paz editores
Neste livro, pela interpretação de Jorge de Sena, a obra de Luís de Camões, o maior poeta em português, resiste e eleva-se, universal, superior, em busca do sonho impossível, acima da aberta hostilidade que algumas formas actuais de visão do Mundo tendem a opor-lhe. Pela mão de Jorge de Sena, a obra de Camões «transcende em muito o âmbito nacional de um destino histórico não-cumprido do seu mais alto sentido, para ser, na verdade, um aviso e um apelo que se dirige a toda a Humanidade».
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