2009/11/01 – Sena: Alguns Sinais

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Trinta anos depois da publicação póstuma do seu extraordinário romance Sinais de Fogo, e no momento em que se fosse vivo Jorge de Sena completaria 90 anos (2009), o CCB propõe um dia de evocação do autor de Arte de Música. Agente de uma certa ideia do amor (“só não é belo o que se não deseja ou o que ao nosso desejo mal responde”) e da liberdade (“o resistir a tudo o que pretende diminuir-nos ou confinar-nos”), Jorge de Sena foi acima de tudo um agitador das ideias feitas, um corsário das palavras, um salteador de tesouros escondidos na nossa alma. Foi um fora-da-lei da consciência portuguesa do século XX, e é no desassossego que essa posição conota que se revela mais português e mais contemporâneo. Por isso, desde 1948 viu em Fernando Pessoa “um indisciplinador de almas”; por isso fez de Camões, o “seu” Camões, o mediador da aventura que é o seu constante diálogo com a pátria. Poeta acima de tudo, mas também ensaísta, tradutor, ficcionista e investigador, Jorge de Sena fez do exílio uma razão acrescida de amar mais dolorosamente o país que era o seu. O seu regresso póstumo, já este ano (2009), assinala uma espécie de reconciliação com Portugal.
Neste dia de evocação, haverá leituras de poemas e contos seus e de alguns dos seus ensaios sobre cinema e literatura, uma apresentação do romance que deixou incompleto e a projecção do filme que sobre ele foi realizado: Sinais de Fogo, de Luís Filipe Rocha.

Fundação Centro Cultural de Belém

PROGRAMA:
LEITURAS . 14h30 > 17h

Fernando Luís Sampaio:
De Sobre esta Praia… , 5 das 8 Meditações à beira do Pacífico
De O Reino da Estupidez -1, “A Inflação Literária do Mundo Ocidental”

Luísa Cruz
De Arte de Música, “La cathédrale engloutie de Debussy”, “Bach: Variações Goldberg”, “Requiem de Mozart”, “Chopin: um inventário”, “Noite Transfigurada de Schoenberg”

Mafalda Lopes da Costa
De Visão Perpétua, “Sentemo-nos nas coisas…”, “Dona Urraca tem um Físico”
De 40 Anos de Servidão, “Quem Fala de Partir”
De Sobre Cinema, “Rio Sagrado (Jean Renoir)”, “Os Trovadores Malditos (Les Visiteurs du Soir – Marcel Carné)”, “Otelo – (Orson Welles)”

Jacinto Lucas Pires
Poemas “Advertência”, “Os paraísos artificiais”, “Ode para o futuro”, “Balada das coisas e não”, “Quando penso”.
Páginas iniciais do conto “O comboio das onze”.

Helena Barbas
De Antigas e Novas Andanças do Demónio, “Um Conto Brevíssimo”
De Poesia III, “Em Creta com o Minotauro”
 

PROJECÇÃO DO FILME . 17h15
Sinais de Fogo (1995)
Antecedida por conversa com Jorge Vaz de Carvalho sobre o livro e com Luís Filipe Rocha sobre o filme
Duração do filme: 101 minutos. M/12 anos
Sinopse do filme: Portugal, Julho de 1936. A ditadura de Salazar está consolidada e controla totalmente o país. Um grupo de adolescentes passa as suas férias de Verão na Figueira da Foz. No outro lado da fronteira começou a Guerra Civil de Espanha e, apesar da distância, a sua violência vai repercutir-se na vida destes jovens, lançando-os num turbilhão de intrigas políticas e paixões desencontradas que marcará tragicamente a sua passagem à idade adulta.

Tino Navarro apresenta: Diogo Infante – Ruth Gabriel em Sinais de Fogo, um filme de Luís Filipe Rocha
Com: Marcantónio del Carlo – José Airosa – Rogério Samora – Henrique Viana – Caroline Berg – Glicínia Quartin
Fotografia: Edgar Moura
Som: Carlos Alberto Lopes
Direcção de arte: Rafael Palmero
Montagem: António Perez Reina
Música: Enrique X. Macias
Adaptação do romance Sinais de Fogo de Jorge de Sena
Argumento e diálogos: Izaías Almada e Luís Filipe Rocha
Uma co-produção MGN Filmes (Portugal) – Igeldo (Espanha) – AB Films (França)
Com o apoio Fundo Eurimages do Conselho da Europa – Instituto Português da Arte Cinematográfica e Audiovisual – Centre National de la Cinematographie – Instituto de la Cinematografia y de las Artes Audiovisuales – Fundação Calouste Gulbenkian – Câmara Municipal da Figueira da Foz
Produção Tino Navarro
Realização Luís Filipe Rocha

 

Mais sobre o evento em http://www.ccb.pt/sites/ccb/pt-PT/CCB/Documents/FS%20SENA.pdf